segunda-feira, 3 de junho de 2013

Vencedor Plb: Fantástico 2012

«Enquanto júris da Categoria Fantástico decidimos que a obra eleita para Livro do Ano da Categoria Fantástico é O Circo de Sonhos de Erin Morgenstern.
Com um universo bem construído, um enredo envolvente e cenários apaixonantes, O Circo de Sonhos transporta-nos para um ambiente novo e viciante. 
O circo revela-se mais do que um espaço de diversão. É fácil entrar no circo e perceber o porquê de ele ser tão cativante, afinal, o mistério não termina por mais visitas que o leitor faça. De uma complexidade atraente é fácil fazer a ponte entre este e o próprio ser humano em si mesmo. Quem visita o circo nunca o conhece por completo e, tal como um organismo vivo, o circo passa por fases de crescimento que incluem obstáculos, amadurecimento, declínio e até renovação. 

A competição entre os dois personagens principais dá o seu toque fatalista ao romance que parece condenado a nunca acontecer por completo. A autora foi especialmente bem-sucedida neste aspecto. A constante batalha entre o amor que os dois partilham e a competição que os tende a separar, tornam todo o romance bastante diferente do que costuma ser apresentado. É mais real e complexo.
As personagens secundárias desempenham papéis específicos e de grande importância para o desenrolar da narrativa, o que permite uma maior profundidade na componente humana. Dotadas de personalidades específicas e reais, demonstram a preocupação da autora em explorar a importância destes intervenientes para a acção e para a construção dos intervenientes principais.
A componente fantástica desta obra baseia-se principalmente nas ilusões e na magia que cada personagem exerce no circo. Aos olhos de um visitante cada tenda, cada espectáculo, cada movimentação dentro do circo provoca um fascínio quase sobrenatural. Os transeuntes ficam encantados com o que assistem, acreditam que os espectáculos são obras essencialmente de ilusionismo e nem desconfiam que há muito mais para além do que é vislumbrado. A magia está lá, mas são poucos aqueles que realmente a conseguem ver. O leitor pertence a este último grupo e, como tal, sente-se especial e detentor de um segredo.
Erin Morgenstern apresenta uma escrita fluída e rápida, alternando os espaços temporais para aguçar a curiosidade do leitor. Uma última nota para a belíssima capa e ilustrações. No seu todo está uma obra muito bem conseguida.»

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