«Enquanto
júris da Categoria Fantástico decidimos que a obra eleita para Livro do
Ano da Categoria Fantástico é O Circo de Sonhos de Erin Morgenstern.
Com um universo bem construído, um enredo envolvente e cenários
apaixonantes, O Circo de Sonhos transporta-nos para um ambiente novo e
viciante.
O circo revela-se mais do que um espaço de diversão. É
fácil entrar no circo e perceber o porquê de ele ser tão cativante,
afinal, o mistério não termina por mais visitas que o leitor faça. De
uma complexidade atraente é fácil fazer a ponte entre este e o próprio
ser humano em si mesmo. Quem visita o circo nunca o conhece por completo
e, tal como um organismo vivo, o circo passa por fases de crescimento
que incluem obstáculos, amadurecimento, declínio e até renovação.
A competição entre os dois personagens
principais dá o seu toque fatalista ao romance que parece condenado a
nunca acontecer por completo. A autora foi especialmente bem-sucedida
neste aspecto. A constante batalha entre o amor que os dois partilham e a
competição que os tende a separar, tornam todo o romance bastante
diferente do que costuma ser apresentado. É mais real e complexo.
As personagens secundárias desempenham papéis específicos e de grande
importância para o desenrolar da narrativa, o que permite uma maior
profundidade na componente humana. Dotadas de personalidades específicas
e reais, demonstram a preocupação da autora em explorar a importância
destes intervenientes para a acção e para a construção dos
intervenientes principais.
A componente fantástica desta obra
baseia-se principalmente nas ilusões e na magia que cada personagem
exerce no circo. Aos olhos de um visitante cada tenda, cada espectáculo,
cada movimentação dentro do circo provoca um fascínio quase
sobrenatural. Os transeuntes ficam encantados com o que assistem,
acreditam que os espectáculos são obras essencialmente de ilusionismo e
nem desconfiam que há muito mais para além do que é vislumbrado. A magia
está lá, mas são poucos aqueles que realmente a conseguem ver. O leitor
pertence a este último grupo e, como tal, sente-se especial e detentor
de um segredo.
Erin Morgenstern apresenta uma escrita fluída e
rápida, alternando os espaços temporais para aguçar a curiosidade do
leitor. Uma última nota para a belíssima capa e ilustrações. No seu todo
está uma obra muito bem conseguida.»
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